Olá, leitores!

Vocês já quiseram desenvolver o hábito da leitura, mas não sabiam exatamente por onde começar?

Hoje trago este assunto — algo sobre o qual eu não havia cogitado escrever até a semana passada, mesmo sendo um tema tão necessário.

Nos últimos dias, nas horas gastas dedilhando a tela do celular nas redes sociais, deparei-me com muitos questionamentos acerca do hábito da leitura. É mais comum do que parece não saber exatamente o que fazer para inserir esse hábito em nossas vidas e, para quem já é leitor — ou mesmo para aqueles que já passaram pela transição para a vida de leitor —, acaba sendo um problema de pouca importância.

Triste, não é? Entretanto, é natural que não nos incomodem questões que já não fazem mais parte da nossa realidade. Ainda assim, como escritora e como leitora, acredito que temos um grande compromisso com a leitura e deveríamos, também, incentivá-la!

Neste artigo, vou mostrar a vocês, ainda não leitores, como trazer o hábito para a rotina; e a vocês, leitores, como ajudar aqueles que procuram enriquecer suas vidas por meio da leitura.

Aviso: os títulos a seguir contêm ironia!

 

TENHA UMA ROTINA PERFEITA, INVEJÁVEL

Atualmente, a exposição — ou venda da ideia — de uma rotina perfeita e organizada se tornou um grande problema social, que já originou muitos debates. A questão é que vem sendo ignorada a pluralidade de realidades, promovendo a “imposição” de uma “rotina perfeita” que claramente não cabe na vida de todos. Acordar cedo, ainda de madrugada, praticar exercícios físicos, comer fibras e proteínas, diversificar o prato, dedicar-se a um passatempo que só valerá a pena se for lucrativo, vestir-se, ler e pensar da maneira como aqueles de quem pouco sabemos — mas que exercem grande influência nas redes sociais e em nossas vidas — nos ensinam a fazer.

É claro que não há problema algum em seguir e interagir com pessoas de quem gostamos. Mas vale a pena olharmos para nós mesmos, vez ou outra, e questionar: ainda sou eu? Ou deixei que outros tomassem o comando?

Nosso trabalho, nossos passatempos, nossa alimentação e tantos outros aspectos da vida precisam caber na nossa realidade. O hábito de leitura também faz parte desse pacote! Não é difícil perceber que uma criança, um adolescente, um universitário integral, um universitário de múltipla jornada, uma mãe — também com múltiplas jornadas —, uma avó, pessoas de diferentes classes sociais e contextos, têm interesses, tempo e capacidades extremamente diferentes. A tal “rotina perfeita” não é como vemos nas redes, mas sim aquela que está ao nosso alcance, atende às nossas necessidades e traz realização a curto, médio e longo prazos. Lembre-se: comparação adoece.

 

LEIA APENAS CLÁSSICOS

Superada a questão da nossa rotina imperfeita para o mundo, mas perfeita para a nossa própria realidade, entramos em mais uma polêmica que já descabelou muitos. Geralmente, no início da vida de leitor — quando ainda temos algumas inseguranças para superar —, acreditamos em uma ideia muito disseminada: a verdadeira e proveitosa leitura está nos clássicos.

Histórias clássicas, assim como qualquer outro gênero, são maravilhosas. O objetivo deste artigo, devo salientar, não é julgar um tipo de literatura ou expressar minha própria opinião sobre elas, mas sim dizer a vocês, leitores iniciantes ou veteranos, que a leitura deve ser livre de pressões como essa.

O maior argumento que rege a preferência por clássicos é que neles encontramos qualidade, utilidade e ensinamentos relevantes, que não existiriam em histórias contemporâneas. Em vez de experimentar algo desconhecido, é melhor manter-se na zona de conforto, no que já é bem conhecido e reconhecido, e ficar por ali mesmo. Será?

A insegurança de investir em leituras de autores desconhecidos, nacionais ou internacionais, é muito comum na vida do leitor. Mas não nos livramos da frustração de ler um livro que não encaixou em nossas expectativas, nem mesmo quando mantemos a zona de conforto e preferimos os clássicos e conhecidos, infelizmente.

Além disso, dizer que histórias contemporâneas não têm qualidade é outro argumento questionável. É claro que existem livros modernos de alta qualidade, que podem inclusive superar muitos clássicos. Dependerá do que você, leitor, gosta de consumir.

Já quando o assunto é linguagem e estilo, são aspectos que variam de autor para autor, de época para época e, por consequência, irão variar de acordo com as preferências de cada leitor. Em poucas palavras: os argumentos usados para te convencer de que a única leitura válida é a dos clássicos não são tão fortes quanto parecem.

O mais importante para aproveitar a leitura é se desfazer de certas amarras e se permitir explorar temas que você já gosta e temas que sente vontade de experimentar — além de valorizar aqueles escritores que ainda não são amplamente divulgados e conhecidos, mas que podem esconder verdadeiros tesouros nas suas criações.

 

DEDIQUE-SE APENAS A LIVROS QUE SERÃO ÚTEIS, COMO FINANÇAS E AUTOAJUDA

Novamente: esta não é uma crítica aos gêneros. Livros de finanças e autoajuda são excelentes e podem trazer conteúdos muito ricos. No entanto, lê-los com o objetivo de criar um hábito de leitura — encarando a leitura como algo que deva ir além do entretenimento — é como pisar conscientemente em areia movediça e deixar-se afundar.

O hábito da leitura precisa surgir na nossa rotina como algo que não necessariamente trará um retorno financeiro. Quem gera lucro é o trabalho — e, como sabemos, nem sempre o trabalho nos proporciona prazer. Já os passatempos, como o da leitura, devem nos fazer sentir bem. A recompensa pode estar simplesmente no prazer de fazer algo divertido e que torne o dia mais leve.

Foque no que você gosta de ler e de aprender... Divirta-se! Respeite suas preferências e, principalmente, suas prioridades. Considere como leitura tudo aquilo que você lê — e transforme isso em um momento de prazer.

 

ESTABELEÇA METAS DE LEITURA, COMEÇANDO COM PELO MENOS 20 LIVROS POR MÊS

Pode parecer exagerado, não é? Uma dica simples, que talvez pareça ineficaz à primeira vista, é: leia pouco. No entanto, para a maioria das pessoas, é exatamente assim que tudo começa.

A nossa rotina, como mencionado acima, é muito plural. Sabemos que as 24 horas do nosso dia não são exatamente iguais para todos. Se considerarmos o tempo dedicado ao autocuidado, ao transporte, ao trabalho, às refeições, aos exercícios, ao sono... Eu poderia listar essas variações por várias páginas. Mas todos nós somos capazes de perceber esse fato. Então, vamos direto ao ponto: diante de diferenças tão gritantes, é natural que também pratiquemos nossos passatempos e hábitos de maneira distinta.

Não espere ler mais de cem livros em um mês, como algumas pessoas costumam dizer que fazem. Também não se frustre se, ao chegar ao meio do ano, perceber que ainda não conseguiu terminar aquele livro que começou em janeiro. Vale a regra: não se compare — especialmente com influenciadores literários que vivem da leitura.

O mais importante é lembrar que o hábito de leitura deve ser prazeroso. Ler como passatempo deve proporcionar bem-estar, não ansiedade. Não é para se sentir pressionado, mas sim acolhido. É um momento de descanso, de alívio da tensão acumulada, de reencontro com você mesmo. É muito comum que, por meio da leitura, passemos a entender com mais clareza as nossas emoções. Isso acontece com o tempo, já que a leitura, assim como a meditação, pode se tornar um momento reflexivo. Por isso, aceite com tranquilidade aqueles dias em que você não terminará nem mesmo uma página. Eles também são bons dias.

Voltando ao foco: para inserir um hábito de leitura que ainda não existe, invista em leituras curtas. Toda leitura é válida! Pode ser uma notícia do seu interesse, um artigo de revista, jornal, sites de confiança, previsão do tempo, resumos de livros ou novelas, resenhas de filmes, contos dos mais variados gêneros — inclusive, a leitura de contos é uma excelente forma de descobrir seus gêneros literários favoritos e, com o tempo, investir em livros inteiros sobre os temas, com mais segurança de que serão do seu agrado —, entre outras opções.

 

LEIA SEMPRE NO MESMO HORÁRIO, NO MESMO LUGAR

Para criar um hábito, precisamos de constância. Mas não há necessidade de fixar um horário para ler, já que um passatempo não deveria se tornar uma obrigação. Geralmente temos horários marcados para ir trabalhar ou ao médico, mas não precisamos disso para nos divertir à nossa maneira.

O horário é você quem escolhe, e sugiro que seja naquele momento em que mais precisa de um descanso para a mente. Livros físicos, e-books ou audiolivros podem proporcionar a distração de que precisamos vez ou outra. Caso você esteja em dúvida sobre qual desses métodos utilizar, aguarde por um artigo sobre o tema que será postado em breve!

Quanto ao lugar em que praticamos a leitura, é verdade que faz alguma diferença. Pode ser difícil manter a concentração caso decida que seu momento de leitura será durante uma reunião de família. Afinal, não faz sentido, leitor, que o momento de descanso também deva ser de tranquilidade?

Não é raro que um dos conselhos para cultivar o hábito da leitura seja que ele deve acontecer em absoluto silêncio, à luz de velas, com música de meditação... Mas nada disso é necessário!

Um momento especial para distrair a mente e descansar deve acontecer onde você se sinta bem e acolhido. Pode ser no seu sofá, no seu quintal, na companhia do seu pet, naquela padaria que você adora, no transporte público, na pausa para o almoço durante o trabalho, na cama ou enquanto pratica alguns exercícios (nesse caso, para audiolivros), entre outros lugares que sejam calorosos para você. No fim das contas, todos somos diferentes e, para cada um, o momento de paz e concentração será único.

 

E QUANDO A LEITURA SE TORNA MAÇANTE?

Se a leitura começar a parecer maçante, não encare isso como um fracasso. Talvez o livro escolhido simplesmente não combine com o seu momento ou seus gostos. Isso é mais comum do que parece — até descobrir os gêneros, temas e autores que mais envolvem você, pode ser necessário algum tempo e experimentação.

Uma boa dica é buscar referências antes de se comprometer com uma leitura. Você pode procurar resenhas nas redes sociais, consultar influenciadores literários, ler comentários em lojas virtuais e no Skoob — uma rede social voltada para leitores. Também vale visitar o site dos autores, quando houver, para conhecer melhor suas ideias e outras obras. Esses conteúdos funcionam como uma vitrine e ajudam você a tomar decisões mais certeiras.

Mais do que insistir em uma leitura que não empolga, permita-se mudar de direção, testar novos estilos, largar livros que não fazem sentido para você. Isso também faz parte da jornada.

 

CONCLUSÃO

Desenvolver o hábito da leitura é um processo único, que exige paciência, autoconhecimento e liberdade para explorar. Não existe fórmula mágica — apenas o prazer de descobrir histórias, aprender sobre si mesmo e se reconectar com o mundo ao redor.

Que essas dicas sirvam como inspiração para tornar a leitura parte natural do seu dia a dia, do seu tempo livre e do seu bem-estar. E lembre-se: cada página lida é um passo na direção de uma mente mais aberta, criativa e curiosa.

Boa leitura!