21 de julho de 2025
Olá, leitores e escritores!
Como disse Stephen King: "If you want to be a writer, you must do two things above all others: read a lot and write a lot." Tradução: "Se você quer ser escritor, precisa fazer duas coisas acima de todas as outras: ler muito e escrever muito."
E como disse Margaret Atwood: "It is my contention that the process of reading is part of the process of writing..." Tradução: "Defendo a ideia de que o processo de leitura faz parte do processo de escrita..."
Sabemos que a relação entre leitura e escrita é simbiótica e mutualista. Isso significa que a leitura contribui para a escrita, tanto quanto a escrita contribui para a leitura. Ambos os processos são cruciais para o desenvolvimento de habilidades de comunicação, pensamento crítico e criatividade, tanto para os escritores quanto para os leitores.
"Escritores devem ler, leitores devem escrever" — Essa é uma verdade fundamental sobre a relação entre leitura e escrita, especialmente quando falamos de criação literária, desenvolvimento pessoal, escrita e construção de marca. Vamos, primeiro, dividir essa frase em duas e analisá-la do ponto de vista de cada sujeito:
“ESCRITORES DEVEM LER”: POR QUÊ?
A leitura é um pilar para um escritor. Não existiriam escritores sem comunicação e, sem o registro das comunicações, não existiria leitura. Percebam como essa é uma relação cíclica e, por isso, ininterrupta — como mencionado acima, simbiótica e mútua.
A leitura é uma fonte infinita de inspiração e aprendizado. Por meio dela, temos acesso a uma enorme diversidade de pontos de vista, perfis, linguagens, estilos, gêneros e técnicas narrativas. É dessa opulência que extraímos o enriquecimento do vocabulário, a ampliação da visão de mundo e o desenvolvimento da sensibilidade emocional e estética — elementos essenciais para a escrita.
O refinamento do nosso conhecimento fortalece nossa própria voz e identidade. Sem leitura e sem a nossa exposição a novas formas narrativas, não há aprendizado nem desenvolvimento na construção de enredos e personagens críveis, na estruturação das histórias e dos conflitos que as compõem de forma envolvente, capaz de captar a atenção do leitor.
“LEITORES DEVEM ESCREVER”: POR QUÊ?
Escrever nos força a refletir — e a leitura, sem reflexão, é uma experiência incompleta. Não existe leitor ativo sem que haja, de forma aprofundada, identificação de temas, personagens, conflitos, enredo, estruturas narrativas e estilo. O leitor está exposto a todos esses elementos — e espera-se que um bom leitor consiga identificá-los com clareza.
Por isso, dizemos que a leitura é uma forma de aprendizado — tanto para leitores quanto para escritores-leitores. Ambos embarcam nessa jornada em busca de tal conhecimento e esse aprendizado é um processo que demanda tempo, que pode variar para cada indivíduo.
Ou seja, tome o seu tempo para compreender cada ponto que vem com a leitura e, para isso, use a escrita. Um breve resumo ou análise da sua última leitura pode ajudar a clarear o caminho da compreensão e da reflexão sobre o conteúdo do livro.
A prática da escrita ajuda a desenvolver nossa própria voz e interpretação do texto, indo além de uma simples decodificação. Tal interação, seja crítica, criativa ou simplesmente um registro pessoal, estabelece um diálogo com o texto, transformando a leitura em uma experiência ativa e engajadora, de aprendizado e crescimento.
Agora que compreendemos melhor como a leitura e a escrita mantêm uma relação de mutualismo — e como a prática de ambas é essencial para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional — eu pergunto: qual é a relação disso tudo com a identidade visual?
MUITAS VOZES, MUITOS OUVIDOS
O mercado literário está cada vez mais competitivo. É difícil mensurar o número exato de profissionais da escrita no Brasil. Apesar da possibilidade de consultar obras registradas, há também muitos escritores informais, que publicam seus textos e livros em diversas plataformas não oficiais.
Um estudo de 2012 do PublishNews mencionava a existência de 50 milhões de autores no país — número que abrange profissionais de diversas áreas, não apenas da literatura. Isso reforça que se trata de um dado amplo, que engloba desde autores de livros e artigos científicos até aqueles que escrevem em mídias como blogs e redes sociais.
O crescimento da publicação independente dificulta o controle estatístico sobre o número de autores — número que pode variar rapidamente, influenciado por fatores como a popularidade individual e a das plataformas digitais nas quais publicam. Com isso, observamos uma crescente volatilidade no mercado, especialmente desde o surgimento da informalidade na carreira literária. Ainda assim, é seguro dizer que o Brasil possui uma comunidade literária ativa e diversa — embora os escritores enfrentem desafios relacionados à visibilidade e ao reconhecimento, palavras-chave para o tema deste artigo.
IDENTIDADES NOS RODEIAM
A identidade visual não é só estética. Todos concordamos — leitores ou escritores — que já compramos um livro apenas pela capa. Que já começamos a seguir alguém nas redes sociais só pela aparência do perfil ou pelas publicações que chamaram nossa atenção. Que já decidimos comprar um produto no mercado ou em uma loja específica, depois de criarmos confiança ao sermos expostos a uma propaganda cativante.
Ou seja, a identidade visual é uma poderosa ferramenta estratégica para estabelecer a sua marca e ser lembrado. Seja você um autor iniciante, lançando seu primeiro livro, ou um escritor já publicado com presença nas redes sociais, compreender a importância de construir uma identidade visual clara e coerente é uma forma eficaz de comunicar quem você é — mesmo antes que alguém leia uma única palavra do seu texto.
O QUE É IDENTIDADE VISUAL?
A identidade visual não deve se limitar apenas à capa e à diagramação do livro. Claro que essas são etapas de extrema importância na publicação, mas, quando falamos de identidade, de presença, de marca, estamos nos referindo também a eventos, redes sociais, sessões de autógrafos e demais interações entre profissional e público.
Trata-se do conjunto de elementos gráficos que representam visualmente sua presença como autor nessas interações: cores, fontes, estilo de imagens, logotipo (se houver), assinatura, ilustrações, ícones, fotografias, modo de se expressar, tom de voz etc.
Esse conjunto é o que faz o leitor reconhecer um post, uma capa ou um site como “seu”, mesmo sem ler seu nome. Ela complementa sua voz como autor, transmite profissionalismo e fortalece a conexão emocional com o público.
Nesse ponto, é importante lembrarmos dos exemplos que observamos em grandes marcas: o logotipo e a cor vermelha da Coca-Cola, os arcos dourados do McDonald’s, a flor da Natura, a assinatura de Walt Disney etc.
DIFERENÇA ENTRE IDENTIDADE VISUAL E BRANDING
Embora estejam relacionados, identidade visual e branding são conceitos distintos. A identidade visual corresponde à representação gráfica da marca, enquanto o branding se refere ao processo estratégico de construção e gestão dessa marca. O branding envolve a definição de propósito, valores e ações que visam criar uma conexão emocional com o público. Em outras palavras, a identidade visual é a face visível da marca; o branding, por sua vez, é o processo que molda e sustenta essa identidade.
PARA QUE UM ESCRITOR PRECISA DE IDENTIDADE VISUAL?
Para ser reconhecido com consistência, refletir seu estilo de escrita, transmitir credibilidade e facilitar a conexão com o público.
Construir uma marca forte e reconhecível, mesmo com recursos limitados, permite atrair a atenção do público-alvo, transmitir confiança e destacar-se no mercado literário.
Postagens visualmente coerentes ajudam a fixar sua presença na memória do leitor. Um autor que se apresenta de forma cuidadosa, com uma estética alinhada ao seu gênero e proposta, demonstra atenção e profissionalismo. Uma apresentação visual bem pensada mostra ao leitor — e às editoras — que você leva a escrita a sério.
As imagens que você escolhe dizem muito sobre a sua história e sobre você. Busque, por meio do visual, transmitir a mesma mensagem que deseja passar com suas palavras e com a sua imagem como autor. As cores e o tom devem ser sempre condizentes com o conteúdo que você oferece ao público.
COMO CRIAR SUA IDENTIDADE VISUAL COMO ESCRITOR?
Você pode construir sua identidade visual aos poucos, observando o que combina com seu estilo e com o seu público, definindo inicialmente qual será o seu tom como autor. Pergunte-se: como é a sua escrita? Defina a linguagem que será ouvida claramente pelo seu leitor. Jovem? Dramática? Irônica? Sensível? Existem inúmeras possibilidades e, se você já escreve, saberá exatamente que tipo de história quer contar, qual linguagem usar, quem é o seu leitor e que tipo de conexão deseja estabelecer com ele.
Cores e elementos gráficos são pontos-chave para estabelecer sua marca e ser lembrado por aqueles que são expostos às suas interações. Cores neutras transmitem leveza; tons terrosos trazem elegância; cores vibrantes expressam energia.
Use uma fonte principal (para títulos) e uma secundária (para textos).
Escritores costumam usar fontes serifadas clássicas para conferir um ar literário — uma fonte serifada, também conhecida como fonte com serifa, é um tipo de letra que possui pequenos traços ou prolongamentos nas extremidades das letras, chamados de serifas. Esses traços ajudam a conectar visualmente as letras, guiando o olhar do leitor através do texto.
As fontes serifadas são frequentemente associadas à tradição, elegância e formalidade, sendo utilizadas em contextos que buscam transmitir esses valores. Exemplos de fontes serifadas bastante utilizadas: Times New Roman, Garamond, Georgia, Bodoni, Palatino e Bembo.
Outro tipo de fonte muito utilizado é o sans-serif, conhecido por seu estilo minimalista, que transmite simplicidade e modernidade. Uma fonte sans-serif é um tipo de letra que não possui os pequenos traços decorativos chamados serifas nas extremidades das letras — ao contrário das fontes serifadas, que os possuem.
O termo sans-serif vem do francês sans (“sem”) e serif, significando literalmente “sem serifa”. Devido à sua aparência limpa, essas fontes são consideradas ótimas opções para leitura em telas e dispositivos digitais, pois favorecem a legibilidade em ambientes digitais. Exemplos de fontes sans-serif bastante utilizadas: Arial, Helvetica, Verdana, Tahoma, Open Sans e Roboto.
Agarre-se a um estilo de imagem para manter um padrão nas suas publicações.
Muitas vezes, me deparei com espaços online repletos de informações visuais conflitantes, com cores, fontes e imagens disputando atenção na tela — e, ao final, não conseguia absorver nenhuma dessas informações de forma clara e rápida.
Para o leitor, é exaustivo acessar o perfil de um autor e não conseguir identificar, de imediato, as informações mais relevantes. Esse excesso visual pode causar confusão e, consequentemente, fazer com que você — escritor — perca justamente a conexão que deseja estabelecer com seu público.
Isso não significa, porém, que todas as suas postagens devam seguir exatamente o mesmo modelo visual. As publicações são, também, uma forma de expressão artística e devem refletir o conteúdo e o tom de cada obra. Afinal, mesmo que seus livros pertençam ao mesmo gênero, cada um contará uma história única e exigirá uma abordagem específica nas redes.
Entretanto, embora as mudanças de contexto sejam naturais, é fundamental que o seu espaço online seja organizado, reflita sua personalidade e, principalmente, transmita sua mensagem de forma coerente. Seu leitor precisa ter acesso fácil às informações essenciais: a capa, o tema, os livros publicados, a sinopse de cada um, onde comprar, onde ler — entre outros dados igualmente importantes.
Portanto, permita que a criatividade flua e conecte-se com o conteúdo que deseja compartilhar com o público. Mantenha sua identidade. A história pode mudar, mas o escritor continua sendo o mesmo.
Para concluir, não apenas quando falamos sobre identidade visual, mas em todo o processo de escrita e na construção da carreira literária, nossa identidade deve evoluir conosco. Ao longo do tempo, passamos por metamorfoses. Nada é rígido — nem mesmo o estilo de escrita, que amadurece junto à estética e às vivências do autor. O essencial é manter uma base consistente, na qual o público possa se reconhecer e se apoiar.
Um escritor que cuida de sua apresentação visual transmite não apenas talento, mas também comprometimento. E, em tempos de redes sociais e autopublicação, isso se torna um diferencial importante. Construir sua identidade visual é fundamental, pois, mesmo que ela não diga tudo sobre você ou sobre suas criações, será a responsável por abrir a porta pela qual o leitor desejará entrar.