Olá, leitores!

Espero que vocês estejam bem!

Estou escrevendo com a ansiedade à flor da pele já que, hoje, o meu primeiro livro — Razões e Memórias — está oficialmente lançado! 

Como combinado, venho aqui para compartilhar com vocês sobre qualquer atualização do meu trabalho e, por essa razão, reservei um tempinho para falar sobre a história do Matheo, o protagonista.

AVISO: Pode conter spoiler.

Primeiro, gostaria de contar para vocês um pouco de como foi o processo criativo para escrever Razões e Memórias.

Já vou adiantar a seguinte informação: acho que, na minha vida, nunca tinha feito nada tão trabalhoso quanto escrever um livro. Mas não se assustem, por favor! Eu também não me lembro de ter feito algo tão gratificante!

Escrever é como uma tempestade. Em alguns momentos, você olha pela janela e só consegue ver um céu cinzento, carregado de nuvens escuras assustadoras. Então, sente-se encharcado em meio a chuva que não cessa, prestes a pegar um resfriado que o deixará sobre a cama por alguns dias. Depois, sob as últimas gostas, o sol surge no meio das nuvens e o vendo as afasta. Noutro momento, já dentro de casa, você sente como se já pudesse enfrentar qualquer tempestade, pois está protegido sob um teto sólido.

Conseguiram entender a analogia?

Este é todo o processo pelo qual um escritor passa ao tentar construir a base para o seu livro. Perto do fim, com o caminho já traçado, sentimo-nos protegidos e um pouco mais seguros, pelo menos sob o ponto de vista da história.

Sentar-se em frente ao computador e escrever este livro parecia ser a coisa mais simples do mundo, nos primeiros dias. Eu simplesmente escrevia aquilo que surgia em minha mente, sem dar importância aos erros gramaticais ou de continuidade da história. Sabe, para mim, até aquele momento, escrever era apenas um hobby que eu não sabia se continuaria por muito tempo ou se acabar tão rápido quanto acabou o meu desejo por fazer crochê.

Passado algum tempo, comecei a sentir-me vazia com a escrita. Eu não queria mesmo que aquela história fosse mal contada, entendem? Afeiçoei-me ao Matheo, o meu protagonista, de uma maneira que começava a pensar que o deixar sem uma conclusão para sua trajetória era como um pecado. Matheo estava tão vivo quanto qualquer outro e merecia que eu o guiasse ao seu final feliz.

De pouco em pouco, levei a história cada vez mais a sério e, ao passo que aumentava meu desejo por finalizá-la e a seriedade com que a encarava, aumentava minha ansiedade e preocupação... 

“Será que as pessoas estariam dispostas a ler este livro?” perguntava-me.

“Será que vão gostar? O que vão pensar? Vão se interessar? Mas... Espere... Isso significa que eu estou considerando publicá-lo?” Este foi o pensamento que fez com que acendesse aquela pequena luz sobre minha cabeça, sabem?

Então eu corri para o meu maior apoiador — o meu “namorido” — e perguntei o que ele achava. Eu deveria publicar? Como Homer Simpson disse a Marge no episódio em que ela se torna escritora (“Desabafos de uma dona de casa furiosa”, episódio 10 da 15ª temporada), ele respondeu: É como eu sempre digo... Publique ou pereça!

Homer Simpson no episódio “Desabafos de uma dona de casa furiosa”, episódio 10 da 15ª temporada, dizendo: “Você começou um romance sem me informar?”

Brincadeiras à parte, o apoio que ele me deu foi indispensável para que eu enfrentasse o novo mundo que estava por vir. Eu ainda tinha uma longa escadaria pela frente, adquirindo conhecimento sobre o mercado, sobre a escrita e sobre as etapas que ainda separavam o meu manuscrito original da efetiva publicação do meu primeiro livro devidamente revisado. 

Um desafio compensador

Como dito, foi um caminho difícil e cheio de incertezas, mas que vem rendendo frutos. Como mencionei no artigo de inauguração do site, escrever é difícil e muito trabalhoso. Exige atenção, organização, paciência para lidar com as intempéries que envolvem o processo e, além de tudo o mais, autoconhecimento. Apesar disso, tornou-se rapidamente o que eu mais amo fazer. É com a força que extrai do meu desejo de compartilhar esse trabalho com vocês e de todo o apoio que pude receber dos profissionais que participaram e ainda participam da publicação da minha obra que hoje posso dizer que passei por todas essas etapas e que me emociono ao vê-la exposta nos sites para venda.

Agora, um pouquinho sobre Razões e Memórias...

Palavras-chave que descrevem bem a trajetória do Matheo, para mim, são: conexão, sentimentos, arrependimentos, lembranças, amor e vazio.

Como é possível?

LEMBRE-SE, PODE CONTER SPOILER.

Matheo é um jovem de dezessete anos que carrega uma bagagem emocional muito maior do que todos os seus pertences reunidos em uma mala. Com apenas seis anos de idade, despediu-se de sua mãe, que falecera, como todos falavam, de problemas cardíacos. 

Ele era jovem demais para compreender o que era vida e morte, ou mesmo o significado das palavras “para sempre” e “nunca mais”. Aprendeu o peso dessas expressões no decorrer dos anos seguintes, de maneira fria. Seu mundo era cinza.

A morte de Victoria Halgand Gruber, mãe de Matheo, foi um grande impacto para muitas pessoas a sua volta, especialmente para os seus vizinhos. Ágatha Gesser era amiga de maternidade de Victória e praticamente uma fã dos vizinhos. Admirava a vida exemplar de Victória levava junto com seu marido e filho. Álvaro, o marido de Agatha, a acompanhava, juntamente com os filhos Adam e Nina, que se tornaram melhores amigos de Matheo conforme cresciam. 

Os Gruber eram os salvadores dos Gesser, e vice-versa. O laço entre aquelas pessoas era tão forte que, quem os visse interagir em um dos seus jantares especiais, poderia dizer que se tratava de uma reunião de uma família grande e muito bem-humorada. Dessa forma, não foi surpresa que Matheo tenha encontrado abrigo sob a sombra de seus vizinhos enquanto vivenciava a morte de sua mãe. 

O que mais esteve ao seu lado, durante todos os anos de suas vidas, foi Adam — aquele com quem dividiu o quarto da maternidade. Melhores amigos destinados, ao lado um do outro nos bons e maus momentos, não havia nada no mundo que podia separá-los — ou era o que parecia até os primeiros anos de adolescência. 

Rapidamente, Adam se apaixonou. Isso poderia não ser um problema tão grande para um garoto comum, com uma família “normal”... Não era o caso de Matheo, não é? Para quem já leu o livro, sabem do que estou falando! Sem ter para onde ir, Matheo reconheceu que a sua saída era ser forte e encarar com a bravura que não havia demonstrado as muitas dificuldades que cruzavam o seu caminho. 

Essa é uma das melhores coisas em uma história como a de Razões e Memórias... Um personagem capaz de nos conectar e envolver. Sentir o que ele sente e torcer pelo seu futuro torna a leitura empolgante e, mesmo sendo minha criação, posso dizer que experimentei esse mesmo sentimento nas cento e cinquenta e sete milhões quatrocentos e sessenta e nove mil novecentos e oitenta e duas vezes que li o livro para revisá-lo.

Resumindo bem o início da história (não quero dar tantos spoilers), Matheo acaba esbarrando, pelo seu caminho tortuoso, com a sua vocação: professor. Como um aluno modelo de matemática desde a primeira infância, havia chegado a hora de colocar em prática todo o treinamento que teve durante suas aulas com seus amigos suplicantes por uma ajuda antes de prova... É nesse momento que ele conhece alguém que virá a ser tão importante quanto Adam foi para a sua vida.

Liam Van Hove — ainda que eu não queira dar spoilers demais, seria triste não falar um pouco sobre este rapaz. 

Liam é um estudante de economia em seu primeiro ano de graduação depois de um ano sabático. Um zero a esquerda em matemática, mesmo já tendo experimentado aulas particulares antes, decide tentar mais uma vez e contratar os serviços de Matheo. Não é que funciona?

Mas deixando seu envolvimento com Matheo de lado, vamos falar um pouco sobre suas dores... Não tanto quanto nosso querido protagonista, Liam também se considera um pouco órfão. Seus pais foram atarefados por toda a sua vida e ele e sua irmã gêmea, Mia, foram criados pela funcionária leal da família. Quando adolescentes, ambos foram obrigados a cursar o ensino médio na Coreia do Sul — acreditem, eu tenho certeza de que Liam e Mia ainda não conseguem compreender o fascínio que seu pai, Thomas, nutri por aquele país... Será que ele era, secretamente, Kpoper?

Enfim, as coisas não podiam ser mais maravilhosas para os gêmeos nos primeiros meses. Assim que Liam se deu conta sobre os sentimentos que cresciam em seu peito por seu melhor amigo da época, as coisas começaram a dificultar. Grande parte das pessoas não conseguia concordar com um relacionamento homossexual, muito menos o próprio amigo, que o rejeitou instantaneamente. 

Mas Liam se definia como homossexual? Não...

E as pessoas sabiam disso? Será mesmo que elas se deram ao trabalho de perguntar?

Como ele se definia? Bom, para que dar importância a um gênero quando o que você realmente gosta é a essência daquela pessoa? Era como ele se sentia.

E isso fez com que as coisas melhorassem ou piorassem? Apenas leiam...

Dessa forma, vocês entenderão como os caminhos desses dois se cruzaram! 

Para finalizar, um recado para você que também sonha em escrever um livro...

Organizar todas as inspirações para escrever uma história é sempre um grande desafio, isso vocês já sabem bem. Não é algo que acontece da noite para o dia e, desde o início do processo criativo até, finalmente, escrever a palavra “fim” na última folha do livro, pequenos detalhes são constantemente modificados. É tanta mudança que você começa a pensar que algo de errado não está certo! Questionamentos do tipo “será que eu não tenho talento para a coisa?!” são muito comuns...

Uma lição importante para aqueles que estão escrevendo seus primeiros livros, assim como eu, é saber que não devemos nos prender a esses pequenos detalhes e que tudo é adaptável. Confie! Logo você verá seu amado projeto ganhar vida. Nunca esqueça da persistência e, principalmente, de despejar seus sentimentos sobre a sua arte.

Dar vida aos personagens, aos cenários e aos pensamentos, chegando ao ponto de poder vê-los com seus próprios olhos e ter a certeza de que está criando um universo que vai agradar a você mesmo, um leitor assíduo que começa a caminhada pela rota sem volta de ser um escritor, é o mesmo que plantar uma semente. Tão viciante quanto dizem ser fazer uma tatuagem — posso dizer que realmente é viciante —, escrever se tornará uma tarefa indispensável em sua rotina.

Eu espero que vocês aproveitem muito o primeiro volume de Razões e Memórias! 
É isso mesmo, tem mais um livro no forno...

Aguardem, ansiosos, pelos próximos capítulos!

Abraços,