Olá, leitores!
Espero que estejam bem!
Como já mencionei em artigos anteriores, o escritor precisa ter conhecimento sobre como operar os recursos necessários da língua para ajustar o manuscrito às funções da linguagem. Apenas por meio do aperfeiçoamento constante é possível obter um texto bom, que atinge o resultado planejado, e correto, de acordo com o padrão culto. Todo texto será indefinidamente aberto a mudanças que objetivam a sua melhora, e é por isso que pecamos se acreditamos que existe um texto perfeito.
Textos são singulares. Cada olhar terá uma opinião especifica sobre ele e, como dito, eles estarão sempre sujeitos à mudança. Afinal, conforme o tempo passa, praticamente tudo sofre mudanças, inclusive a nossa língua.
Na busca por inspiração para dar o pontapé inicial na escrita de um livro, sabemos que o nosso objetivo deve ser bem definido logo nos primeiros momentos do trabalho. Ainda que não tenhamos todos os detalhes que comporão a obra quando finalizada, nossa visão geral, ainda que sucinta, do seu andamento nos proporciona uma imagem embaçada do “fim” ou do denominado objetivo daquele livro.
Por exemplo, se você escreve um livro de autoajuda, seu objetivo é solucionar problemas em que seus leitores irão esbarrar em sua rotina – pode ser algo específico como soluções financeiras, emocionais, domésticas, etc. Se escreve um livro infantil, é necessário estabelecer, além do simples entretenimento, uma lição importante que o pequeno leitor irá assimilar com a leitura da obra.
De certo que, como escritores, devemos saber aonde queremos chegar e planejar um resultado, mantendo-o em nossas mentes desde a primeira palavra escrita.
Apesar das nossas intenções pessoais com nossos trabalhos, existem detalhes que fogem a nossa vontade e que precisam de atenção, tanto quanto o sentimento envolvido em nossa história e em nós mesmos, enquanto nos dedicamos a fazer aquilo que amamos. Precisamos dar espaço as regras estruturais que fazem um conjunto de frases se transformarem em um texto completo – ou, melhor dizendo, uma unidade.
Coesão e coerência
Palavras agrupadas a esmo não formam uma oração, assim como não formam um texto. São apenas um conjunto descontextualizado e sem sentido. Para dar vida a elas, não podemos esquecer dos elementos que servem como “cola” para um bom texto e fazem com que ele esteja de acordo com a norma. Estes são os marcadores de coesão (pronomes, advérbios, conjunções, entre outros), responsáveis por garantir a unidade linguística – ou uniformidade – do texto.
Já a coerência determina sua unidade semântica, sendo a capacidade de manter a linha de raciocínio do início ao fim. Faz-se necessária a continuidade, fazendo as ideias expressas naquele texto progredirem, sem nenhum tipo de contradição.
Pense como seria incômodo estar diante de um livro com repetições exacerbadas de alguns termos? Ou, então, experimentar a expectativa pela próxima frase de um texto e, na verdade, ela não acrescentar nada além do que já foi dito? Respectivamente, problemáticas de coesão e coerência – dois conceitos que andam de mãos dadas. Quem escreve com um raciocínio descontinuado obtém como resultado um texto cansativo, trazendo a impressão, para o leitor, de desleixo e desorganização.
Portanto, escrever bem é uma arte que depende da progressão textual, precisando obedecer a uma sequência que desenvolverá um raciocínio, apresentando e articulando as informações necessárias para a boa estruturação e clareza da mensagem que desejamos transmitir através das palavras.
Fuja da mesmice, da descontinuidade e da indefinição que podem estar presentes em seus textos – como dizia uma antiga professora de língua portuguesa. O leitor não pode sentir que o enunciador não tem nada a dizer e que está perdendo um precioso tempo ao ler um texto que não o leva a nenhuma conclusão; ou se sentir incomodado ao ler um capítulo do livro em que os acontecimentos não têm ligação um com o outro, fazendo a continuidade da história prejudicada; ou, ainda, sentindo que a obra versa sobre tantos assuntos que aquele escritor provavelmente não sabia ao certo o seu objetivo com o livro, perdendo-se ao longo da elaboração.
É por isso que precisamos estar cientes sobre as leis da progressão textual:
Lei da Complementaridade: os enunciados que compões o texto precisam acrescentar informações que sejam relevantes ao objetivo do mesmo; não pode haver redundância, repetições.
Lei da Remissividade: os enunciados devem ser remissivos, retomando o que já foi dito em enunciados anteriores; deve existir conexão entre os fatos expostos.
Lei da Direcionalidade: não podemos desviar do nosso alvo, ou seja, do objetivo final do texto. Toda palavra inserida deve ter uma função em relação ao objetivo previamente estabelecido para o seu manuscrito.
Como já sabemos, escrever não é uma tarefa tão simples quanto pode parecer e exige um bocado de concentração e conhecimento. Como escritora, não posso deixar este conselho de lado: nunca se afaste de seus estudos da língua portuguesa! É dever do escritor saber escrever.
Abraços,