8 de outubro de 2025

 

Olá, leitores!

Durante o desenrolar da nossa carreira — especialmente no início, quando ainda não atingimos boa parte de nossas metas —, seja no mercado editorial ou em qualquer outro ramo que escolhemos, deparamo-nos com um misto de alegria e desespero. É comum haver dúvidas, frustrações, mágoas, temores e inseguranças que coexistem, de forma quase “harmônica”, com as realizações, alegrias, felicidades e, principalmente, com o orgulho de fazermos o que gostamos.

Entretanto, essa “harmonia” — embora o termo dê a sensação de leveza e tranquilidade no transitar das emoções — está longe de ser um mar de rosas, mesmo em uma profissão como a de escritora, que parece calma e isolada. Aliás, talvez o próprio isolamento carregue parte da culpa, mas falaremos mais sobre isso em um próximo artigo.

O fato é que, para os momentos de incerteza, existem muitos remédios capazes de nos ajudar a reafirmar e a confiar em nossos sonhos. Durante o conturbado trajeto da escrita, o meu desejo é compartilhar esses remédios com vocês — leitores e escritores que, como eu, também experimentam a dúvida.

 

O PASSADO QUE FORTALECE

Para nós, escritores, que produzimos histórias carregadas de sentimentos e buscamos transmitir nossas mensagens com autenticidade, é fácil compreender onde devemos buscar força: nas palavras.

A história está repleta de figuras fortes e persistentes que quebraram barreiras por meio da arte e deixaram um legado rico e inspirador para a posteridade. Através de seus escritos — sejam biografias, romances, contos, crônicas, roteiros ou mesmo obras científicas —, alimentamo-nos de esperança e otimismo para seguir em frente com nossos sonhos.

Afinal, toda obra carrega a essência de seu autor. Por essa razão, devemos fazer da história o que ela é: um lembrete de que os obstáculos sempre existirão, mas que a perseverança pode superá-los — e que abandonar nossos sonhos nunca deve ser uma opção.

 

JORNADA DUPLA E PRECONCEITO COM O FEMININO

Lidar com os desafios da escrita é uma tarefa duplamente árdua para as mulheres — algo que, infelizmente, não é novidade desde o momento em que nos inserimos nesse mercado.

Como mencionei no artigo sobre o romance (clique aqui para ler), mulheres recorreram inúmeras vezes ao anonimato e a pseudônimos para serem lidas e apreciadas — e não apenas duramente criticadas e julgadas.

Seria bom poder dizer que os tempos mudaram e que já deixamos o século XVIII para trás, mas sabemos que, infelizmente, muitas de nós ainda têm suas vozes negligenciadas e sofrem preconceito pelo conteúdo da própria escrita e leitura — especialmente hoje, quando, com a ajuda da tecnologia, estamos constantemente conectadas a tantas pessoas ao redor do mundo.

Esse preconceito vai além da crença de que somos o “sexo frágil”. Falas que confinam as preferências femininas a um único gênero ou subgênero literário — como o romance erótico — são discriminatórias e nos afastam da diversidade e da grandeza da literatura.

É, simplesmente, mais uma forma de negar-nos autoconhecimento, autocuidado, sexualidade, empoderamento e os raros momentos de descanso e lazer que conseguimos em uma rotina já tão carregada. Mais do que isso: é uma tentativa de romper nossa conexão — a inesgotável fonte de energia que nos move a lutar contra o mesmo preconceito que nos persegue há séculos.

Julgar as palavras e as leituras de uma mulher, seja pela suposta banalidade, pelo erotismo ou pela emoção expressa no frenético virar de páginas, é compactuar com a crença de que o conhecimento deve ser negado a nós.

Aos olhos da história, ler e escrever sempre foram formas de expressão, resistência e transformação da realidade por meio da quebra de paradigmas. É por isso que, por mais desafiador que seja, continuaremos firmes e unidas no propósito de sermos não só vistas, mas também ouvidas e lidas.

 

O REMÉDIO DA INSPIRAÇÃO

A escrita é nossa paixão tanto quanto nossa inimiga. Nos momentos de incerteza, não há nada melhor do que buscar acolhimento nas palavras e na história de vida das nossas matriarcas e patriarcas.

É através do exemplo dessas pessoas fortes e experientes que percebemos que as dúvidas não são exclusivamente nossas. Com um simples fôlego, mudamos a perspectiva — e, com ela, a realidade.

Inspirar-se no trabalho de mulheres que nos antecederam é ainda mais significativo. Na literatura, como uma única rosa florescendo em meio a um campo de batalha, elas persistiram. A força que extraímos de suas trajetórias é um impulso na direção certa — um sopro que nos preenche de sonhos, coragem, resistência e voz.

Escritoras, leitoras ou simplesmente mulheres que buscam refúgio nas palavras — todas podemos reconhecer a força que há na experiência literária feminina. Afinal, a literatura não é apenas um espaço de imaginação, mas também um lugar de encontro, de sororidade e de construção coletiva.

 

RECANTO DE AUTORIDADE

Entre os nomes marcantes de escritoras nacionais que conquistaram virtudes e reconhecimento na carreira, destaco duas que mais influenciaram minha relação com a leitura e a escrita: Marina Colasanti — poética e sensível, capaz de unir fantasia e profundas reflexões sobre a experiência e os sentimentos humanos — e Clarice Lispector, cuja prosa introspectiva explora o intimismo dos personagens, dos sentimentos e das relações humanas de forma psicológica e intensa.

Elas estiveram entre as inúmeras leituras estudadas e sugeridas na escola, ao lado de tantos outros autores de renome da literatura brasileira. Entretanto, foram as suas palavras que me alcançaram de modo diferente e inspirador, especialmente no turbulento início da adolescência.

Entre erros e acertos de uma jovem em formação — os relacionamentos, as decisões sobre carreira, as pressões estéticas e sociais —, encontrar palavras que silenciavam o mundo e faziam a emoção aflorar foi uma etapa essencial na minha formação como pessoa e, hoje percebo, também como escritora.

Quando falamos sobre mulheres inspiradoras, elas não podem ficar de fora. Ambas trouxeram, por meio de suas obras — seja pelo lirismo, fantasia e poesia de Marina, ou pelo intimismo, epifania e melancolia de Clarice —, reflexões profundas sobre o universo feminino e críticas contundentes à sociedade e aos costumes.

Explorar a mente e os sentimentos femininos nos monólogos poéticos de Clarice, ou retratar a força e a determinação diante das condições impostas pela sociedade em uma jornada de autoconhecimento — como faz Marina — é, sob meu ponto de vista, uma experiência complementar em nossa busca por inspiração. Quase um item obrigatório no currículo de qualquer jovem escritor — sobretudo, das mulheres.

 

FONTES DE CORAGEM, INSPIRAÇÃO E SABER — E SUAS OBRAS

As mulheres listadas a seguir transbordam feminismo, arte, conhecimento e cultura. São pilares firmes que sustentam a história e pavimentaram o caminho para que muitas de nós pudéssemos ascender. Dentre todas as razões pelas quais não podemos esquecer seus nomes e suas trajetórias, essa é a mais importante.

Por isso, convido você: venha em busca de inspiração!

 

CLARICE LISPECTOR (1920-1977)

Uma das escritoras mais influentes da literatura brasileira, conhecida por sua prosa introspectiva. 

Clarice Lispector foi uma das vozes mais singulares e intensas da literatura brasileira. Nascida na Ucrânia, em 1920, e criada no Brasil, sua escrita atravessa fronteiras entre o real e o íntimo, revelando as profundezas da alma humana e as complexidades do ser mulher. Clarice transformou o cotidiano em matéria de reflexão filosófica e poética, dando voz a inquietações e sensibilidades que, por muito tempo, foram silenciadas.

Sua obra representa um marco de liberdade e introspecção na literatura ao tratar de temas como identidade, solidão, desejo e autoconhecimento com uma delicadeza visceral. Para muitas escritoras, Clarice é símbolo de coragem — por escrever sem medo da vulnerabilidade, por transformar o feminino em força e por abrir caminhos para que outras mulheres se reconheçam nas palavras e encontrem nelas um espelho de si mesmas.

Principais obras: Perto do Coração Selvagem (1943), A Paixão segundo G.H. (1964), Água Viva (1973), A Hora da Estrela (1977).

 

MARINA COLASANTI (1937-2025)

Escritora, poeta, jornalista, tradutora e contadora de histórias. 

Marina Colasanti é uma das escritoras mais versáteis e sensíveis da literatura brasileira contemporânea. Nascida na Eritreia, em 1937, e radicada no Brasil desde a infância, ela construiu uma carreira marcada pela pluralidade: escritora, poeta, jornalista, tradutora e contadora de histórias. Sua escrita transita entre o real e o imaginário com lirismo e profundidade, explorando temas como o amor, a condição feminina, a passagem do tempo e o poder das palavras.

Em suas obras, Marina oferece um olhar afetuoso e, ao mesmo tempo, contundente sobre o universo das mulheres. Com linguagem poética e simbólica, ela questiona padrões, resgata a força do feminino e celebra a autonomia e a sensibilidade como formas de resistência. Ler Marina Colasanti é apreciar um mundo onde o encantamento convive com a reflexão sobre como é bonito e complexo ser mulher.

Principais obras: Eu sei mas não devia (poema, 1972), A morada do ser (1978), Contos de amor rasgado (1986), Doze reis e a moça no labirinto do vento (1978), A moça tecelã (1985), Hora de alimentar serpentes (2013), Breve história de um pequeno amor (2013), Duas ou três coisas sobre o amor (2018).

 

RACHEL DE QUEIROZ (1910-2003)

Escritora, tradutora, jornalista e ficcionista, foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. 

Rachel de Queiroz foi uma das maiores vozes da literatura brasileira e uma verdadeira precursora na luta das mulheres por espaço no meio literário. Cearense, escritora, tradutora, jornalista e dramaturga, Rachel destacou-se por sua coragem em abordar temas sociais e políticos com profundidade e sensibilidade — algo especialmente notável em uma época em que a escrita feminina era frequentemente desacreditada.

Em 1930, com apenas 20 anos, publicou O Quinze, um romance marcante sobre a seca no sertão e o sofrimento do povo nordestino, que a consagrou como uma das principais representantes do regionalismo brasileiro. Rachel abriu portas não apenas pela qualidade de sua obra, mas também por seu pioneirismo: foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em 1977, quebrando um dos muitos muros erguidos contra as mulheres nas letras.

Sua trajetória diz como literatura é resistência — e que o olhar feminino, quando se afirma, transforma. Rachel de Queiroz deixou como legado a força de sua escrita, a sensibilidade de sua visão sobre o Brasil e a certeza de que a voz das mulheres pertence à história da literatura.

Principais obras: O Quinze (1930), João Miguel (1932), Caminho de Pedras (1937), As Três Marias (1939), Dôra, Doralina (1975), Memorial de Maria Moura (1992).

 

CORA CORALINA (1889-1985)

Doceira e poeta, além de uma das mais importantes escritoras brasileiras, conhecida por seus poemas e crônicas. 

Cora Coralina é um dos maiores símbolos da força feminina na literatura brasileira. Goiana, doceira por ofício e poeta por essência, tornou-se exemplo de persistência e sensibilidade ao publicar seu primeiro livro aos 75 anos — mostrando que nunca é tarde para começar e que a arte floresce mesmo depois de longos silêncios.

Sua escrita é simples e poderosa, sábia, humana e demonstra um profundo amor pela vida e pelas pessoas. Cora escreveu sobre o cotidiano, as mulheres, as desigualdades e a passagem do tempo, expressando ternura e coragem. Sua poesia conta sobre a resistência feminina que, apesar das adversidades, continuam sonhando, criando e acreditando na beleza do mundo.

Cora Coralina inspirou e ainda inspira gerações de mulheres a acreditarem em si mesmas, a escreverem suas histórias e a entenderem que o tempo não apaga a potência de uma voz sincera.

Principais obras: Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (1965), Meu Livro de Cordel (1976), Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha (1983), Estórias da Casa Velha da Ponte (1985).

 

LYGIA FAGUNDES TELLES (1918-2022)

Escritora premiada e acadêmica da Academia Brasileira de Letras. 

Lygia Fagundes Telles, importante nome da literatura brasileira contemporânea, foi membro da Academia Brasileira de Letras e reconhecida internacionalmente. Construiu uma obra marcada pela profundidade psicológica, pela delicadeza da linguagem e pela força de suas personagens femininas.

Em suas narrativas, explorou o inconsciente, os conflitos morais e as fragilidades humanas — com destaque especial para as mulheres, retratadas com complexidade e autenticidade. Sua escrita desafia estereótipos e expõe as tensões entre liberdade, desejo, identidade e repressão, tornando-se um espelho sensível das transformações sociais e do papel da mulher ao longo do século XX.

Lygia é um exemplo de persistência, talento e compromisso com a arte literária. Sua trajetória inspira escritoras a reconhecerem a força da própria voz e a se aprofundarem naquilo que as move: as emoções e as contradições humanas.

Principais obras: Ciranda de Pedra (1954), Verão no Aquário (1964), Antes do Baile Verde (1970), As Meninas (1973), Mistérios (1981), A Disciplina do Amor (1980), Invenção e Memória (2000).

 

CECÍLIA MEIRELES (1901-1964)

Poetisa, professora, jornalista e defensora da educação, uma escritora de renome nacional. 

Cecília Meireles foi uma das maiores vozes da poesia brasileira e uma das primeiras mulheres a ocupar um lugar de destaque na literatura nacional. Poetisa, professora, jornalista e defensora da educação, responsável por obras sensíveis e fortes, com musicalidade, espiritualidade e profunda reflexão sobre o tempo, a solidão e a essência humana.

Sua escrita é universal e atemporal — excelente para quem busca delicadeza, introspecção e sentido. Cecília via a poesia como uma forma de liberdade, um modo de compreender o mundo e, sobretudo, de resistir às limitações impostas às mulheres de sua época. Suas palavras expressam coragem e suavidade, como uma forma de revolução.

Como mulher e intelectual, lutou pela valorização da educação e pela igualdade, acreditando que o conhecimento era a base da emancipação. Sua obra continua a inspirar leitoras e escritoras a enxergarem a arte e a palavra como instrumentos de transformação e transcendência.

Principais obras: Viagem (1939), Romanceiro da Inconfidência (1953), Mar Absoluto e Outros Poemas (1945), Espectros (1919), Metal Rosicler (1960), Canções (1956).

 

CAROLINA DE JESUS (1914-1977)

Pobre e moradora da favela do Canindé, a autora do livro Quarto de Despejo tornou-se um sucesso internacional. 

Carolina Maria de Jesus foi uma das escritoras mais marcantes e transformadoras da literatura brasileira. Mulher negra, pobre e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, Carolina rompeu todas as barreiras impostas pela desigualdade social e pelo preconceito racial e de gênero para se tornar uma das maiores cronistas da realidade brasileira do século XX.

Autodidata, registrava em cadernos encontrados no lixo o seu cotidiano e o das pessoas ao seu redor. Em sua escrita, denunciou a fome, a exclusão e a injustiça, mas também revelou uma impressionante sensibilidade poética e uma profunda fé na humanidade. Seu olhar é duro e lírico ao mesmo tempo — um testemunho e uma esperança.

Com Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960), Carolina deu voz aos silenciados e transformou a própria dor em arte e resistência. Sua trajetória é um lembrete da força e da dignidade das mulheres que escrevem, mesmo quando o mundo tenta calá-las. Carolina inspirou e continua a inspirar gerações de escritoras e leitores a acreditarem que a palavra pode ser um ato de sobrevivência e de transformação.

Principais obras: Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960), Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-Favelada (1961), Provérbios (1963), Pedaços da Fome (1963), Diário de Bitita (publicado postumamente, 1986).

 

HILDA HILST (1930-2004)

Romancista, dramaturga e poetisa, conhecida por sua obra inovadora. 

Hilda Hilst foi uma ousada, profunda e enigmática autora da literatura brasileira. Poeta, dramaturga e romancista, transmite intensidade filosófica em suas obras através da sensualidade e da busca constante pelo sentido da existência, do amor e da linguagem.

Sua escrita é provocadora, livre de convenções e rica de questionamentos sobre Deus, o corpo, o desejo e a alma humana. Hilda desafiou o moralismo de sua época e não teve medo de explorar o erótico como expressão da espiritualidade e da verdade interior. Nessa coragem, tornou-se símbolo de liberdade criativa e de resistência feminina.

Em sua vida, isolou-se por escolha no “reino da Casa do Sol”, em Campinas, onde se dedicou inteiramente à arte e à reflexão. A obra de Hilda é, ao mesmo tempo, íntima e universal — um espelho das contradições humanas e um convite para mergulhar nas profundezas da mente e do coração.

Sua trajetória inspira mulheres a escreverem sem medo: a reconhecerem que a força feminina também habita o desejo, o pensamento, o questionamento e a sensibilidade. Hilda Hilst nos ensinou que a escrita é um lugar de liberdade absoluta.

Principais obras: A Obscena Senhora D (1982), Com meus olhos de cão (1986), Do Desejo (1992), Fluxo-Floema (1970), Rútilo Nada (1993), A Casa do Sol (poemas reunidos), Cantares do Sem Nome e de Partidas (1995).

 

HELOISA TEIXEIRA (1940-2025)

Intelectual, ativista feminista, professora, escritora, ensaísta, editora, crítica literária, pesquisadora e acadêmica. Foi a décima mulher a ocupar uma cadeira da Academia Brasileira de Letras.

Heloísa Teixeira foi uma das mais importantes intelectuais e ativistas feministas do Brasil. Nascida em Ribeirão Preto (SP), formou-se em Letras Clássicas pela PUC-Rio e obteve mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ, além de pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova York.

Ao longo de sua carreira, Heloísa se destacou como escritora, ensaísta, editora e crítica literária. Foi professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro da Academia Brasileira de Letras, sendo a décima mulher a ocupar uma cadeira na instituição. Sua trajetória acadêmica e literária foi marcada por um compromisso inabalável com a promoção da cultura, da educação e da igualdade de gênero.

Heloísa foi uma das pioneiras na organização e divulgação da chamada "poesia marginal" brasileira, com a publicação da antologia 26 Poetas Hoje (1976), que revelou vozes como Ana Cristina César, Chacal e Cacaso. Além disso, organizou importantes coletâneas de pensamento feminista, como Pensamento Feminista Hoje (2020), que reúne textos de autoras como Judith Butler e Sueli Carneiro.

Seu trabalho também incluiu estudos sobre cultura e política, como Macunaíma, da Literatura ao Cinema (1978), Cultura e Participação nos Anos 60 (1984) e Explosão Feminista (2018), que abordam a interseção entre arte, cultura e ativismo político.

Heloísa Teixeira se dedicou à formação de novas gerações de mulheres pensadoras e ativistas. Fundou o laboratório Universidade das Quebradas, que conectava criadoras culturais da universidade com artistas de periferia, promovendo o intercâmbio de saberes e experiências.

Sua obra e sua vida são um legado de resistência, coragem e compromisso com a transformação social. Heloísa Teixeira permanece como uma fonte inesgotável de inspiração para mulheres que buscam na palavra e na ação a construção de um mundo mais justo e igualitário.

Principais obras: 26 Poetas Hoje (1976); Macunaíma, da Literatura ao Cinema (1978); Cultura e Participação nos Anos 60 (1984); Explosão Feminista (2018); Pensamento Feminista Hoje (2020); Rebeldes e Marginais: Cultura nos Anos de Chumbo (2023); Escolhas: Uma Autobiografia Intelectual (2024).

 

As trajetórias dessas autoras reafirmam a importância de reconhecer a literatura como espaço de representação, crítica e transformação social, além de liberdade e resistência.

Em 2025, despedimo-nos de vozes essenciais para a literatura nacional: Marina Colasanti e Heloísa Teixeira. Sua ausência pode deixar uma marca profunda naqueles que já as admiravam, mas suas obras permanecem como faróis e nos fazem lembrar que, através das palavras, podemos transformar a realidade.

Elas e tantas outras continuam vivas em cada nova leitora, escritora e pesquisadora que encontra inspiração e coragem para existir através da escrita.

Nos próximos artigos, seguirei celebrando autoras e autores que, com sua arte, abriram caminhos — especialmente as mulheres que transformaram a literatura em lugar de pensamento, questionamento, resistência, conexão e apoio.